A ti te escrevo.
Andas por onde o tempo te leva,
sempre andas-te por aqui,
desde o principio do mundo.
Fazes ouvir a tua voz.
Ás vezes parece que cantas,
e que o teu cantar embala o meu ser.
Outras vezes zangas-te contigo próprio.
E dás aos ouvidos que passam
barulhos desconfortantes.
De temor já não de calma.
Seduzes pela tua beleza,
seduzes pelos teus encantos.
Como te invejo.
Só um tolo não te invejaria.
És eterno e dignificado.
Embalas no teu colo os que por eles
se atrevem.
Deste a este nosso pequeno mundo
descobertas além imaginação.
Cantas para os namorados,
ouves as mágoas dos inconsolados.
Dás alegrias a crianças.
E após tanto veres,
aqui continuas.
E quando eu me for,
quando restar apenas
um pássaro a voar.
Continuarás intacto,poderoso,
nos teus encantos a embalar.
Quem aqui ficar.
Eterno sedutor.